"A claridade é uma justa repartição de sombras e de luz"

-Goethe-

sábado, 29 de maio de 2010

A Lenda do Espantalho

A Lenda do Espantalho 

Era uma vez um espantalho que não tinha amigos. Ele trabalhava em um campo de trigo.  Era um trabalho árduo, mas muito solitário. Sem ninguém para conversar,  seus dias e suas noites eram eternas. Tudo o que  podia fazer era observar os pássaros. 
Cada vez que passavam, ele os cumprimentava  Mas eles nunca respondiam. Era como se eles estivessem com medo.  Um dia ele fez algo proibido:  ofereceu algumas sementes. Mas ainda assim eles não queriam saber de nada. O espantalho se perguntava porque ninguém queria ser seu amigo. Assim passou o tempo até que em uma noite fria, caiu a seus  pés um corvo cego. O corvo estava tremendo e com fome. O Espantalho decidiu  cuidar dele. Depois de vários dias, o corvo cego melhorou. Antes de o deixar partir o espantalho perguntou por que os pássaros nunca quiseram  fazer amizade com ele?  O corvo explicou que o trabalho dos espantalhos era assustar as pobres aves que só queriam comer, ele era um ser malvado e desprezível,  um  monstro. 
Ofendido, o espantalho explicou que ele não era mau, apesar de ser um  espantalho. 

Novamente, o espantalho ficou sem amigos. 
Naquela noite, decidiu mudar sua  vida. Ele acordou o seu dono e lhe disse que queria um outro trabalho, ele não queria assustar mais aves. Apavorado, o dono acordou  todos os seus vizinhos, lhes disse que o seu espantalho tinha chegado vivo e que isso só poderia ser obra do diabo. 

Perto dali estava o corvo cego. Seus amigos lhe falaram que moradores da vila estavam queimando um moinho, dentro do qual,  estava tentando se esconder um espantalho com um cachecol muito longo. O corvo cego então explicou que este era o espantalho bondoso, que tinha  lhe salvado a vida. Chocado com a história, o corvos queriam  salvar o espantalho, mas era tarde demais e não podiam fazer nada:  o espantalho morreu queimado.  Os corvos esperaram até amanhecer e quando não havia mais chamas se aproximaram dos restos do moinho,  e levaram as cinzas do espantalho. E voando alto, muito alto... E desde o mais alto espalharam as cinzas  no ar. O vento soprou as cinzas por todo o campo. As cinzas voaram juntos com todos os pássaros e, assim, nunca o espantalho voltou a estar só.
Por que suas cinzas voavam com seus novos amigos. E, em memória da morte trágica de espantalho, o corvo cego e todos os seus companheiros decidiram-se vestir-se de preto. E  assim, desde então, em memória do espantalho, todos os corvos são... pretos.

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